Genealogia afrodescendente: testes genéticos podem auxiliar no estudo?
Uma questão muito recorrente nos estudos genealógicos é sobre a possibilidade de encontrar fontes confiáveis sobre a genealogia afrodescendente. As barreiras nesse tipo de pesquisa incomodam os afrodescendentes, que pretendem resgatar a sua ancestralidade.
Até mesmo os especialistas em genealogia mais experientes podem deparar-se com dificuldades na hora de pesquisar a genealogia de afrodescendentes. Contudo, nada é impossível e sempre existirão meios de obter informações para montar a sua árvore genealógica, independente da sua etnia.
Um desses meios são os testes genealógicos, que, mesmo não sendo tão conhecidos fora do nicho da genealogia, ainda são excelentes ferramentas para quem está em busca de respostas sobre suas origens. Quer saber mais sobre como utilizar os testes genealógicos na pesquisa afrodescendente? Continue lendo!
Por que é tão difícil pesquisar sobre a genealogia afrodescendente?
Uma queixa muito frequente vinda dos afrodescendentes é sobre a dificuldade – ou até a impossibilidade – de realizar uma pesquisa sobre a genealogia afrodescendente. Conhecer a origem dos seus antepassados e fazer um resgate da ancestralidade é extremamente importante para muitas pessoas, mas não é um processo muito fácil.
Isso acontece porque logo após a abolição da escrivdão, em 1890, Ruy Barbosa, o então ministro da Fazenda, ordenou que todos os livros de registros dos escravizados que estavam guardados nos cartórios fossem queimados.
A justificativa para tal decisão foi que, ao queimar os registros, a mancha desse período vergonhoso que foi a escravidão seria apagada da história do Brasil. Contudo, até os dias de hoje, historiadores entendem que essa medida teve como objetivo apagar o cálculo de possíveis indenizações que poderiam ser pleiteadas pelos escravocratas.
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Além disso, a pesquisa pela genealogia afrodescendente no Brasil se torna ainda mais dificultosa é que os pouquíssimos registros que sobreviveram à medida de Ruy Barbosa apresentam poucas informações confiáveis.
Essas barreiras na pesquisa genealógica afrodescendente podem desanimar até mesmo os genealogistas mais experientes, mesmo que cada caso seja diferente e ainda seja possível encontrar informações sobre algumas famílias em registros da época do Brasil colonial.
Sendo assim, aqueles que desejam realizar uma busca pela sua genealogia podem, além de recorrer a documentos básicos como certidões de nascimento, casamento e óbito dos seus familiares, avaliar a possibilidade de investir em um teste genealógico para encontrar mais respostas sobre as suas origens.
O que são testes genealógicos?
De maneira geral, os testes genealógicos funcionam a partir da coleta e análise de amostras coletadas, através de swab bucal, que são processados posteriormente em laboratório utilizando técnicas da biologia molecular.
Os testes são feitos a partir de comparações entre o genoma da amostra coletada e o genoma de pessoas nativas de determinadas regiões ao redor do mundo. Ou seja, os genes da pessoa examinada são comparados com os genes de uma pessoa nascida, por exemplo, em um país asiático.
Assim, é possível realizar uma estimativa da mistura de ancestralidade da pessoa examinada, bem como a comprovação das relações de parentesco entre indivíduos encontrados em um mesmo banco de dados.
Como é determinado o resultado de um teste genético?
Basicamente, o resultado de um teste genealógico é determinado a partir de um cálculo que indica as semelhanças entre os genes do indivíduo examinado e os genes de referência em determinados países ou regiões.
Isso se dá pelo fato de que algumas variantes genéticas estão presentes nos indivíduos nativos de uma região, os quais também são utilizados para representar a população destas regiões.
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Os testes genealógicos são confiáveis na pesquisa da genealogia afrodescendente?
Em uma matéria realizada pelo Intercept Brasil, uma estudante da Universidade de São Paulo descobriu, aos 21 anos, seus antepassados africanos através de um teste genealógico.
Franciele Nascimento, a convite do jornal, realizou um teste genealógico para obter mais informações sobre as suas origens. A estudante conta que conhecia poucas histórias sobre a sua família e sua origem, devido ao processo conturbado da chegada de imigrantes africanos ao Brasil. Leia a matéria na íntegra e saiba como os testes genealógicos possuem grande potencial para inovar na pesquisa genealógica, não só para os afrodescendentes.
Quer saber mais sobre a origem da sua família?
Se este artigo te ajudou a entender melhor como os testes genealógicos funcionam e conhece seu potencial frente à pesquisa genealógica, compartilhe-o com seus amigos e familiares. E, caso você tenha interesse em compreender a origem da sua família e até mesmo obter sua dupla cidadania, fale com a gente!