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Genealogia de escravizados: é possível fazer um estudo e até conquistar a dupla cidadania?

Genealogia de escravizados: é possível fazer um estudo e até conquistar a dupla cidadania?

Se você acompanha nosso blog há um tempo ou até mesmo chegou aqui pelo acaso, através do seu interesse pela genealogia, então você já deve ter se questionado: é possível fazer um estudo da genealogia de escravizados e seus descendentes?

Contudo, essa não é exatamente a pergunta em questão, afinal, é possível fazer um estudo da genealogia de diversos grupos étnicos, sejam europeus, asiáticos, africanos ou americanos. A questão é: como fazer esse estudo com tantos furos na história dos escravizados?

O estudo da genealogia não se resume apenas à encontrar seus antepassados e reconhecer seu direito à dupla cidadania, mas é também um resgate da sua origem e da sua história. Vamos entender melhor como se faz o estudo da genealogia de escravizados?

O que dificulta a busca pela genealogia de escravizados?

Após a abolição da escravidão, em 1890, o então ministro da Fazenda, Ruy Barbosa, mandou queimar todos os livros de registro de escrivazados que estavam guardados nos cartórios.

A sua justificativa era que, queimando esses registros, seria apagada a mancha da escravidão na história do país, porém, até hoje, se entende que essa medida teve como objetivo inviabilizar o cálculo de eventuais indenizações que poderiam ser pleitadas pelos escravocatas.

Contudo, não foi o apagamento desses registros que impossibilitou a pesquisa pela genealogia de escravizados, já que ainda restaram muitos documentos em paróquias e igrejas. O que torna toda essa busca mais difícil é que esses registros costumam conter pouca informação ou informações que não ajudam na evolução desse estudo.

| Leia também: Retificação documental: o que é, como e quando recorrer à ela?

Por onde começar o estudo pela genealogia de escravizados?

Existem algumas etapas que você pode seguir para obter mais respostas sobre a história da sua família antes de chegar ao processo do estudo e resgate da sua árvore genealógica.

Comece por onde você está

Para começar a montar sua árvore genealógica, procure em certidões e documentos datas essenciais, como o nascimento de alguém, casamento dos avós ou bisavós, óbito de antepassados.

Essas datas podem ser estimadas, já que, por um contexto histórico, deve ser mais difícil obter informações exatas sobre os seus antepassados.

Se você estiver em busca de registros feitos depois de 1889, é preciso procurar diretamente em cartórios de registro civil. Já quando estiver procurando por registros feitos anteriores à essa data, então você deve buscá-los em registros da igreja católica.

Acima de tudo, também é importante ouvir as histórias que os seus parentes ainda vivos têm a contar: cada detalhe pode te ajudar na busca pela sua genealogia.

A busca por registros

Como dito anteriormente, dependendo da data dos registros que você estiver buscando, sendo sobre nascimento, óbito ou casamento de alguém, você terá de buscar em lugares e registros diferentes.

No caso dos registros católicos – aqueles feitos antes de 1889 -, existem ferramentas de busca gratuitas e até mesmo equipes de assessoria que podem te auxiliar. Nos registros paroquiais, essas informações eram guardadas em livros diferentes.

  • para as pessoas “livres” (brancos ou negros alforriados) era utilizado um livro;
  • enquanto para negros ainda escravizados, os registros eram feitos em um livro diferente.

Pode acontecer, ainda, de você encontrar registros de “livres” e escravizados no mesmo livro.

Já em registros civis, aqueles feitos depois de 1889, é preciso procurar o testamento do escravocrata. Esse testamento pode ajudar a relacionar a passagem de pessoas escravizadas de um “proprietário” para o outro, o que interfere diretamente na sua árvore genealógica.

Também é interessante buscar em livros de sepultamento em cemitérios, mantidos pela prefeitura local, da cidade de onde seus antepassados vieram – ou de onde você estima que eles vieram. Nesses livros, você pode encontrar a origem das pessoas enterradas e, no caso dos afro-americanos escravizados, pode ser citado o país de origem deles (como Nigéria, Congo e outros).

Pesquisa de maneira paga

Outra possibilidade, caso você não tenha certeza de que todas as informações que você reuniu são verídicas, é possível recorrer a métodos pagos para montar a genealogia da sua família.

Você pode obter mais detalhes sobre a sua origem e ancestralidade contratando um serviço de assessoria especializado em pesquisa genealógica.

Dessa maneira, também é possível recorrer a um teste para decodificar seu DNA e mapear a sua ancestralidade, o que facilitaria na busca pela origem da sua família e até assegurar o seu direito à cidadania do país originário do seus antepassados.

Apesar desses testes de DNA não serem baratos, alguns podem remontar até mil anos de história da sua família e dos seus antepassados, antes mesmo da escravidão. Dessa forma, você terá mais ciência sobre a sua história. O estudo genealógico não é apenas sobre obter dupla cidadania ou descobrir parentesco com alguma figura importante para a história do mundo, mas é também sobre se reconectar com as suas raízes.

Precisa de ajuda no processo de estudo da sua genealogia?


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